BC: Como foi trabalhar
com Rubens Mello e a Liz Vamp?
JW: Os dois são incríveis, grandes
amigos que me ajudam muito! É um imenso privilégio poder ter contato com os
legítimos “herdeiros artísticos” do grande mestre José Mojica Marins que, assim
como eles, aceitou o convite para compor a família canibal do meu
curta-metragem “Mal Passado”, minha singela homenagem ao cinema da Boca do
Lixo, e a toda cultura underground que aprecio.
BC: Quando você começou a
se interessar por filmes de terror?
JW: Durante a infância eu me
impressionava e assustava com muito pouco, guardava por anos as lembranças de
uma ou outra cena que tinha visto “sem querer” ao zapear os canais de TV. Eu
evitava e fugia dos filmes de terror a todo custo, apesar de sempre ter amigos
fãs do Freddy e do Jason. Só fui me interessar por cinema em geral nos meus 17
anos, e finalmente resolvi “encarar” os filmes de horror, começando pelo
Massacre da Serra Elétrica e foi “amor à primeira vista”. Considero o terror
como o mais “cinematográfico” dos gêneros, é o território que mais permite
experimentação e criatividade, tanto é que ele até hoje é o “berço” de onde
surgem os grandes realizadores do cinema mundial como Peter Jackson, Sam Raimi
e James Gunn.
BC: Você tem um diretor,
um ator e uma atriz que te inspiram?
JW: Me inspiro muito nos diretores da
extinta Boca do Lixo do cinema paulista, um momento da nossa história em que
era possível realizar filmes de horror, policial e faroeste e exibi-los nos
cinemas de rua no centro de São Paulo. A “Boca” deixou de existir como polo
produtor no fim dos anos 80, época em que eu nascia.... Tive a oportunidade de redescobrir
os filmes através de colecionadores de VHS e ainda de encontrar alguns de seus
realizadores em seus anos finais de vida, foram meus mestres! Alfredo Sterheim
me deu aulas de cinema brasileiro em um curso livre, Francisco Cavalcanti e seu
filho Fabrício me deram as primeiras oportunidades de estagiar em produções
audiovisuais e Carlos Reichenbach exibiu meu primeiro curta na saudosa “sessão
do Comodoro” que ele organizava no Cinesesc.
BC: Como você está vendo
esta nova onda de filmes nacionais do gênero?
JW: Eu comecei a cultuar cinema em um
tempo em que era difícil conseguir ver determinados filmes, cheguei a passar
anos procurando alguns títulos até encontrar uma cópia em mídia física em sebo,
ou uma exibição dele em algum canal a cabo. Hoje é impressionante a facilidade
de acesso não só a qualquer tipo de filme que você resolver pesquisar para ver,
como também a equipamentos baratos para captar imagens em alta qualidade. Antes
o primeiro grande desafio para produzir era conseguir uma câmera, e hoje todos
nós andamos com uma câmera no bolso. Hoje todos podem produzir, e muita coisa
boa está surgindo a partir daí.
BC: Uma mensagem para os
fãs da BAUHAUS CULTURAL
JW: Eu nunca imaginei que aos 36 anos
eu já seria do tipo que diz “aproveite o momento, porque na minha época não era
assim”, mas é minha mensagem aqui: busque assistir e descobrir conteúdos
diferentes. Se me permite, eu gostaria de divulgar o canal Cultura Doida, no
Youtube: https://www.youtube.com/@CulturaDoida/videos
que está fazendo um trabalho incrível de disponibilizar ótimos longas e curtas
metragens de realizadores independentes, como o Claudio Ellovich, o Danilo
Morales, Fernando Rick, o próprio Rubens Mello. Nesse canal dá para ver na
integra os meus filmes: Mal Passado, Snuff Said e Visões de Claudeciro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário