quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Enquanto isso no Piauí, Maria vai

 


Dentro de alguns dias, irá começar uma Mostra Nacional de Teatro em Teresina, capital do Piauí. Ruy Jobim Neto está com um texto chamado Maria Vai. 

Um grupo de carpideiras chega a Belo Monte, o arraial de sertanejos no interior da Bahia e que era liderado pelo beato Antônio Conselheiro, em pleno final do século XIX. Até que começa a Guerra de Canudos, um dos maiores genocídios brasileiros, em que morreram mais de 25 mil pessoas, entre 1896 e 1897.

Este é o ponto de partida para a peça “MARIA VAI”, monólogo para atriz escrito pelo autor teatral Ruy Jobim Neto, que tem no palco Janá Silva, nas comemorações de seus onze anos na Cia. Cotjoc, de Teresina, Piauí, tendo a concepção do espetáculo e a direção nas mãos do encenador Arimatéia Bispo. A peça estreia dia 19 de agosto de 2023, às 19h30, na 14ª edição da Mostra Nacional de Teatro – Arte ao Alcance de Todos, em Teresina.

Maria, que chega com a mãe, as irmãs e as primas ao arraial do Conselheiro, é uma carpideira, um tipo de profissional pertencente à ancestral linhagem das mulheres carpideiras que são pagas (desde tempos imemoriais) para chorarem mortos alheios e cantarem incelenças durante velórios, por toda parte. 

Quando as ferozes batalhas entre as forças militares republicanas e os sertanejos de Canudos têm início, em 1896, a fictícia família de Maria já se encontrava no arraial do interior da Bahia, que era uma improdutiva fazenda chamada de Belo Monte, situada às margens do rio Vaza Barris. 

O Arraial de Canudos, ou de Belo Monte, localizava-se no sertão baiano, numa região entre os Estados de Sergipe e Pernambuco. Foram vários os motivos da guerra. Nessa altura, o Brasil já não era mais um Império, mas uma República, desde 15 de novembro de 1889. A Igreja foi contra o Conselheiro pois ele era tido como um homem santo pois, entre outras coisas, ele pregava contra o casamento civil. Os latifundiários viam Canudos como ameaça às suas propriedades rurais. Eles deram início à Guerra, relatada no livro “Os Sertões”.

O presidente, à época, era Prudente de Moraes, que começava a ficar desmoralizado porque os sertanejos do arraial bateram várias forças da Polícia com extrema ferocidade. O presidente precisou então enviar sua armada, o Exército, ou seja, brasileiros para matarem brasileiros nos rincões mais remotos do Brasil, para um dos conflitos mais violentos que houve na América do Sul.

Maria, como as mulheres de sua família com quem atravessou o Nordeste brasileiro de cima a baixo, de leste a oeste, de barco, de carro-de-boi ou a pé, traz em suas andanças e incelenças a milenar tradição das carpideiras. Na China antiga, no Egito, na Grécia, na Península Ibérica, essas mulheres choravam, cantavam e preenchiam de forma expressiva os velórios e enterros. 

Maria, portanto, vê morte e mortos desde a mais tenra infância, acompanhando mãe, primas e irmãs, indo com as outras mulheres de sua família, aos quatro cantos do sertão nordestino. Agora, Maria nos conta como ela viu os últimos momentos da Guerra de Canudos, dois anos depois de terminado o conflito.

MARIA VAI e as outras ficam pelo caminho, mas Maria não está sozinha. Ela conta sua história e segue a sua estrada. Maria continua indo.

Ficha Técnica

“MARIA VAI”

Atuação: Janá Silva (@janasilvaatriz)
Encenação: Arimateia Bispo (@arimateiabispo)
Texto: Ruy Jobim Neto (@ruyjobimneto)
Sonoplastia: Jeferson Mendes
Iluminação: Jesus Silva
Figurino: Siro Siris
Cenografia: Arimateia Bispo
Arte Gráfica: Ari Rodrigues
Fotos: Wagner Santos (@wagnersantos79)
Produção: Cia Cotjoc (@companhia_cotjoc)

Estreia nacional: 
Dia 19 de agosto de 2023, XIV Mostra Nacional de Teatro – Arte Ao Alcance de Todos, Teresina, Piauí

ATENÇÃO






Além do Piauí, outras cidades do Brasil estarão no radar deste espetáculo. AGUARDEM!

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