Entrevista com Israel Lima Barbosa

 

Algum tempo atrás, este homem participou do Leitura Dramatizada. Além e me ceder duas de suas poesias, ele também apresentou um número de dança. Muitos querem saber deste homem que é um pacato vendedor de bombons e ao mesmo tempo virou um artista de rua nota 10. A Bauhaus Cultural atendendo a pedidos, fez uma entrevista com o poeta e o performer Israel Lima Barbosa. Vamos a ela! 

BC: Muitos artistas ficaram prejudicados com a Pandemia. Como vc ficou prejudicado como artista?

ILB: Inicialmente, essa doença e o isolamento, uma certa solidão pairou.

Fiquei uns 7 meses em total isolamento e entrei numa forte depressão, ansiedade e outros questões físicas e psíquicas que essas patologias trazem consigo, os questionamentos... Chegou ao ponto de precisar ser resgatado por familiares e amigos...

Depois do tratamento, com um melhora moderada, tive a ideia de vender algo, comecei com geladinhos ou gelinhos (ou sei lá como chamam aí na sua região, é suco de frutas congelado num saco plástico comprido e o povo chupa, tô complicando mais aí, melhor parar...

Dos sacos aí acima,( melhor parar mesmo) fui entrando com poemas aos compradores recitava e interpretava, depois inevitável, vieram os personagens, comecei fazendo um por dia, hoje faço até 9 ao dia, e também  às intervenções com teatro,  e música, sempre tratando de assuntos sobre consciência e suas variações. 

Atuo na primeira balsa, teatro de rua,  no bairro do Grajaú, zona sul, extremo sul de São Paulo. 

Ps. A represa Billings é cortada por três balsas( ou barcas) que atravessam, carros, ônibus, gentes, discos voadores, vassouras de bruxas e o que vier ela leva...â loca.

Nesse espaço de tempo da travessia da barca( ou arca de Noé, tem um povo aí que deveriam ter sido empurrados da arca ) formam filas enormes de carros e outros...esse é meu público, mais o pessoal dos quiosques, mais às pessoas que conhecem o nosso trabalho e vêem prestigiar. 

Ps2: Todos os trabalhos e exposições na rua, fazemos seguindo o protocolo de segurança contra o Covid.

BC: Vi que você além de poeta, é bailarino. Como você concilia dança com poesia?

ILB: Vim escolas de teatro e dança simultaneamente. 

Usar um e outro foi inevitável...Teatro, dança e poesias habitam o mesmo espaço sempre, o outro eu em nós.

BC: Cite um poeta ou um coreógrafo que inspira você a fazer arte.

ILB: Poderia citar uma porrada deles. Gosto muito das posturas e desenhos de corpo trazidas pelo ator e bailarino  Luís Miranda, fiz expressão corporal com ele no Centro Cultural Capobianco no centro SP. Aprendi muito sobre a criar desenhos e usar o corpo para a expressão sem fala, só corpo mesmo. 

Poetas,vixi! São do caralho! Maria Vilani, poetisa foda aqui do Grajaú que por acaso é mãe do cantor e perfomer Criolo.

BC:  Você gostou de ter participado do Leitura Dramatizada?

ILB: Foi minha primeira experiência nesse molde por Internet, fiquei feliz com o resultado e  também com o valor, prestígio e delicadeza que valorizaram nosso fazer artes, gratidão.

BC: Uma mensagem para os fãs da Bauhaus Cultural.

ILB: A arte é tudo e está em todos, use e abuse. Eu acredito piamente que só às artes podem tirar a humanidade desse caos/ buracos que atolamos todos de mãos dadas. Será? Mais e a consciência de classes que faltam a muitos, ou melhor, às  consciências...

Volta lá na página 1 da cartilha tio, refaça às provas, está na cara que vocês colaram nas provas, né? 

Foda-se 

Agora fudeu, ops?

Paraaaa Israel....

Paro não, jamais, e não serão suas barreiras discriminatórias e seus ódios variados que me calarão, enquanto eu tiver voz, gritarei, em segundo caso, tocarei percussão em meu próprio corpo, até o fim....luta, muitaaa luta, resistência, resistir por TODAS  às minorias, que na verdade, são  A GRANDE MAIORIA.

Reflitam.