segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Eleições 2022: Entrevista com o Candidato a Deputado Federal: Tarcísio Motta 5000

 



TARCÍSIO MOTTA
5000
PSOL

Este é o segundo Candidato a Deputado Federal entrevistado na Bauhaus Cultural. Tarcísio Motta foi eleito vereador na Câmara do Município do Rio de Janeiro e agora ele tenta se tornar deputado federal pelo PSOL. Desde já, quero agradecer a Vivi Fernandes por me entrar em contato com ele. Vamos a entrevista.


BC: Por que decidiu se candidatar a deputado federal?
 
TM: Nesses quase seis anos no parlamento da cidade do Rio de Janeiro, avançamos em diversas frentes, como educação, cultura, transporte e prevenção de desastres causados por fortes chuvas. Abraçamos as lutas dos profissionais de educação, como a garantia do plano de carreira, impedimos aumentos das passagens de ônibus por duas vezes, participamos ativamente da construção e aprovação do Sistema Municipal de Cultura... Para continuarmos avançando nas políticas públicas, é preciso romper barreiras que estão na esfera federal, e é isso que pretendo fazer em Brasília, nacionalizando as pautas. Queremos reforma agrária, reforma tributária, mais investimento na educação pública e na cultura, combate ao analfabetismo e à fome, respeito aos povos originários, à diversidade e compromisso com as pautas relacionadas à mudança climática. Vamos defender o governo Lula dos ataques fascistas e afirmar um programa de esquerda.
 
BC: Quais são os seus principais projetos para a área cultural?
 
TM: A cultura é um direito e o poder público tem o dever de garanti-lo. Isso tem que ser feito com muita responsabilidade, valorizando a diversidade de nosso povo. Entendemos que nosso papel na Câmara dos Deputados será de continuação do trabalho que fizemos no município do Rio de Janeiro, atuando na defesa da cultura e de seus trabalhadores, batalhando pela democratização das políticas de fomento, na desburocratização dos editais e no retorno e fortalecimento do Ministério da Cultura. Estaremos na luta pelo Sistema Nacional de Cultura, batalhando pela ampliação do orçamento para o setor e revisão do Plano Nacional de Cultura, sempre na defesa da arte, da alegria e da vida.
 
BC: Muitos bolsonaristas têm associado a área cultural com uma ala esquerdista. Projetos como o filme Marighella chegaram a ser barrados. Como você vê este princípio de censura?
 
TM: Os ataques bolsonaristas ao setor não são meros acasos. A cultura é um campo estratégico justamente por ser um instrumento de ampliação de visões de mundo, divulgação de conhecimento e de pensamentos críticos. Sob a justificativa de promoção de “limpeza ideológica” da cultura, foram diversos os casos de censura promovidos por esse governo. Projetos críticos à atual gestão, com pautas antirracistas, lgbtqia+ ou com temáticas relacionadas ao golpe militar, foram cortados das políticas de incentivo à cultura justamente por irem contra as ideias defendidas por esse governo. O papel do Estado é de garantir a liberdade de expressão artística e defender a cultura enquanto direito em sua ampla diversidade. O Estado não pode utilizar as políticas culturais para a promoção apenas de projetos culturais que reflitam a visão de mundo de quem está no governo. A violação da liberdade de expressão coloca em risco não somente a cultura, mas o próprio desenvolvimento do pensamento humano, as reflexões críticas sobre o cotidiano da sociedade, o acesso e convivência de ideias diferentes e, portanto, o próprio regime democrático. E é por isso que nosso mandato estará firme na luta contra qualquer tentativa de censura.
 
BC: Como você vê a esquerda no Brasil? Você acha que ela está desunida?
 
Estamos caminhando de forma muito unificada em torno da campanha do Lula, a imensa maioria dos partidos de esquerda está unida para derrubar Bolsonaro, que é nossa principal tarefa. No Rio, a unidade em torno do Marcelo Freixo também é muito grande. Sigo acreditando que é preciso construir pontes e unidades em torno de um programa de esquerda, até porque sabemos que a derrota do Bolsonaro não significa o fim do bolsonarismo.
 
BC: Quem te inspira na política hoje?
 
TM: No Brasil, Guilherme Boulos, uma liderança vinda dos movimentos sociais, que se coloca na vida político-partidária buscando a transformação, que sabe dialogar inclusive com outras forças de esquerda e apresentar um projeto de país. Na América Latina, a vice-presidente da Colômbia que foi eleita recentemente, Francia Márquez: mulher negra, ativista ambiental que começou também nas lutas populares e traz consigo um projeto de esquerda. Ela traz a perspectiva que vem da luta dos explorados e dos oprimidos, é pela defesa dos direitos humanos, dos negros e negras e das mulheres. Sem sombra de dúvida, esses dois são inspirações pra mim na política.
 
BC: Uma mensagem aos fãs da Bauhaus Cultural.
 
TM: Esse é o momento de virar a página de ódio que foi escrita lá no golpe contra Dilma Rousseff de 2016, que passou pelo assassinato de Marielle, pela prisão arbitrária de Lula, pela eleição de Bolsonaro, que teve no último 7 de setembro seu último capítulo porque nós vamos derrotar essa galera no primeiro turno. Vamos construir um projeto de país muito mais solidário, fraterno e que terá na cultura um dos seus elementos fortes. Não podemos mais aceitar o governo federal tratando a cultura como inimiga e atacando quem pensa diferente. A cultura nos permite olhar o mundo por outros olhos, sentir o mundo de outra forma, e é com ela que vamos reconstruir o país. Viva a diversidade, viva a cultura brasileira! Muito obrigado aos fãs da Bauhaus Cultural.
 




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