segunda-feira, 10 de maio de 2021

Bauhaus Cultural entrevista Alexandra Barcellos

 


A poetisa paranaense Alexandra Barcellos é a primeira do ano a ser entrevista para a Bauhaus Cultural. Ela lançou seu livro mais recente Coração Nômade, um livro muito interessante em que ela fala das experiências de viver em Países e Estados bem diferentes. Amanhã, ela fará uma participação para o Leitura Dramatizada com 3 poesias. 2 delas, são de seu novo livro e a outra é de um outro livro chamado Aquário de Amor. 

BC: Fale um pouco do seu novo livro “Coração Nômade”.

AB: Este livro tem como base o movimento das mudanças, sejam elas psicológicas ou físicas. Eu o lancei, em setembro do ano passado. Suas poesias falam sobre desapego, impermanências, encontros que nos marcam e nos fazem mudar, morte, luto e é claro amor.

“Não se desperdice

Estando ao lado de pessoas

Que nunca incentivam

O que você mais ama fazer”.

Coração 25

 

BC: Você acha que este é o seu melhor livro com relação ao seu passado?

AB: Quem finaliza o livro sempre é o leitor, mas acho que tenho amadurecido muito com relação ao meu estilo pessoal, estou falando de técnica literária. Acho que o “Coração Nômade” é um livro mais espiritualizado do que os outros, mas não diria que é superior. Cada livro representa uma fase da vida do autor e um momento da história de uma cidade, país e do mundo.

“Os relacionamentos

Se perdem

Na falta da gentileza

Do dia a dia”.

Coração 117

 

BC: Como você acha da pandemia do Corona vírus? Ele tem limitado sua inspiração?

AB: Muito pelo contrário, aconteceu algo impressionante comigo, eu me tornei extremamente criativa. O vírus e toda pandemia exacerbaram minha capacidade de observação e eu transformei tudo em poesia. Eu acabei refletindo sobre assuntos e situações que nunca tinham me ocorrido antes e isso impulsionou minha imaginação para uma produção mais ampla e profunda do que e como escrevo.

“É tempo de sorrir

Com os olhos

E acalmar os passos

De uma só vez

É tempo de olhar

Para dentro”.

Coração 116

 

BC: Todo bom escritor tem um livro favorito. Você tem algum ou alguns livros favoritos que te inspiram? Qual seu autor favorito?

AB: Pergunta difícil de responder: são muitos. Mas dos nacionais são dois: Jorge Amado e Clarice Lispector.

Da língua inglesa: Charles Dickens e Mary Shelley.

O livro de ficção que marcou minha adolescência foi escrito por um norte americano chamado Richard Bach e se chama “Fernão Capelo Gaivota”. Eu escrevi uma poesia sobre este personagem, que é uma gaivota, ela está no meu livro “’’Árvore Mãe”, publicado em 2017.

“Sempre que as gaivotas passam

Esse sentimento mágico chamado saudade

Toma conta de tudo que realmente resiste

E eu sinto, de alguma forma, você me dizendo

Que ainda se importa comigo”.

Gaivotas

Árvore Mãe

 

BC: Qual seu poeta favorito?

AB: Dos poetas brasileiros, com certeza, Carlos Drummond de Andrade. E da língua inglesa William Shakespeare. Amo uma poeta polonesa chamada Wislawa Szymborska, que recebeu o Nobel da literatura, em 1996. Atualmente, tem uma poeta de origem indiana, mas cresceu no Canadá, chamada Rupy Kaur, que é maravilhosa.

Não posso deixar de citar Rainer Maria Rilke, com seu livro “Cartas para um jovem poeta”, ele nasceu na República Tcheca, mas é considerado um poeta alemão.

Ele sempre foi, e ainda é, um mentor para mim com este livro.

“O importante não é estar aqui ou ali

Mas ser”.

Drummond

  

BC: Você está trabalhando num novo livro em andamento?

AB: Sim, é um livro de poesias que se chama

“Alexandra Barcellos e suas poesias”.

Este livro terá cerca de 200 poesias inéditas e ele representa esta fase da minha carreira de muita criatividade.

“Ela começou a fazer uso de novas palavras

Quando entendeu o significado

De construir um novo mundo

Todo seu”.

Alexandra Barcellos e suas poesias

 

BC: Que mensagem você daria ao futuro poeta ou escritor?

AB: Jamais deixe alguém se colocar entre você e o seu sonho. O sonho é seu e se você o sonhou é porque tem forças e criatividade para realizá-lo. Leia muito, tanto os clássicos, quanto uma literatura de momento. Crie o seu próprio estilo (foi isso que eu aprendi com o Rilke).

Não tenha vergonha de expor o que você sente, o poeta é toda matéria prima da sua poesia. Explore, acredite e mergulhe em suas ideias criativas.

“Você não consegue fugir

Por muito tempo

De quem você é”.

Coração Nômade 59

Alexandra Barcellos

 

Gratidão!







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