BC: Fale um pouco do seu novo livro
“Coração Nômade”.
AB: Este livro tem como base o movimento
das mudanças, sejam elas psicológicas ou físicas. Eu o lancei, em setembro do
ano passado. Suas poesias falam sobre desapego, impermanências, encontros que
nos marcam e nos fazem mudar, morte, luto e é claro amor.
“Não se desperdice
Estando ao lado de pessoas
Que nunca incentivam
O que você mais ama fazer”.
Coração 25
BC: Você acha que este é o seu melhor
livro com relação ao seu passado?
AB: Quem finaliza o livro sempre é o
leitor, mas acho que tenho amadurecido muito com relação ao meu estilo pessoal,
estou falando de técnica literária. Acho que o “Coração Nômade” é um livro mais
espiritualizado do que os outros, mas não diria que é superior. Cada livro
representa uma fase da vida do autor e um momento da história de uma cidade, país
e do mundo.
“Os relacionamentos
Se perdem
Na falta da gentileza
Do dia a dia”.
Coração 117
BC: Como você acha da pandemia do Corona
vírus? Ele tem limitado sua inspiração?
AB: Muito pelo contrário, aconteceu algo
impressionante comigo, eu me tornei extremamente criativa. O vírus e toda
pandemia exacerbaram minha capacidade de observação e eu transformei tudo em
poesia. Eu acabei refletindo sobre assuntos e situações que nunca tinham me
ocorrido antes e isso impulsionou minha imaginação para uma produção mais ampla
e profunda do que e como escrevo.
“É tempo de sorrir
Com os olhos
E acalmar os passos
De uma só vez
É tempo de olhar
Para dentro”.
Coração 116
BC: Todo bom escritor tem um livro
favorito. Você tem algum ou alguns livros favoritos que te inspiram? Qual seu
autor favorito?
AB: Pergunta difícil de responder: são
muitos. Mas dos nacionais são dois: Jorge Amado e Clarice Lispector.
Da língua inglesa: Charles Dickens e Mary Shelley.
O livro de ficção que marcou minha adolescência foi escrito
por um norte americano chamado Richard Bach e se chama “Fernão Capelo Gaivota”.
Eu escrevi uma poesia sobre este personagem, que é uma gaivota, ela está no meu
livro “’’Árvore Mãe”, publicado em 2017.
“Sempre que as gaivotas passam
Esse sentimento mágico chamado saudade
Toma conta de tudo que realmente resiste
E eu sinto, de alguma forma, você me dizendo
Que ainda se importa comigo”.
Gaivotas
Árvore Mãe
BC: Qual seu poeta favorito?
AB: Dos poetas brasileiros, com certeza,
Carlos Drummond de Andrade. E da língua inglesa William Shakespeare. Amo uma
poeta polonesa chamada Wislawa Szymborska, que recebeu o Nobel da literatura,
em 1996. Atualmente, tem uma poeta de origem indiana, mas cresceu no Canadá,
chamada Rupy Kaur, que é maravilhosa.
Não posso deixar de citar Rainer Maria Rilke, com seu livro
“Cartas para um jovem poeta”, ele nasceu na República Tcheca, mas é considerado
um poeta alemão.
Ele sempre foi, e ainda é, um mentor para mim com este livro.
“O importante não é estar aqui ou ali
Mas ser”.
Drummond
BC: Você está trabalhando num novo livro
em andamento?
AB: Sim, é um livro de poesias que se
chama
“Alexandra Barcellos e suas poesias”.
Este livro terá cerca de 200 poesias inéditas e ele
representa esta fase da minha carreira de muita criatividade.
“Ela começou a fazer
uso de novas palavras
Quando entendeu o
significado
De construir um novo
mundo
Todo seu”.
Alexandra Barcellos e
suas poesias
BC: Que mensagem você daria ao futuro
poeta ou escritor?
AB: Jamais deixe alguém se colocar entre
você e o seu sonho. O sonho é seu e se você o sonhou é porque tem forças e
criatividade para realizá-lo. Leia muito, tanto os clássicos, quanto uma
literatura de momento. Crie o seu próprio estilo (foi isso que eu aprendi com o
Rilke).
Não tenha vergonha de expor o que você sente, o poeta é toda
matéria prima da sua poesia. Explore, acredite e mergulhe em suas ideias
criativas.
“Você não consegue fugir
Por muito tempo
De quem você é”.
Coração Nômade 59
Alexandra Barcellos
Gratidão!
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