O Segundo candidato para Deputado federal a
ser entrevistado pela Bauhaus Cultural é Reimont. Ele é do Partido dos Trabalhadores (PT). Professor, bancário e teólogo, Reimont nasceu em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, em 02/09/1961, e vive no Rio desde 1989. Iniciou a vida política em Belo Horizonte/MG. Padre da Ordem de São Francisco, sempre esteve alinhado à Teologia da Libertação. Foi pároco da Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca/ Rio, onde hoje mora. (Estas informações foram tiradas na fanpage do candidato).
BC: O Incêndio no Museu Nacional tem
gerado grandes protestos no Rio de Janeiro e no Brasil. Alguns acusam o Reitor
da UFRJ de não repasar recursos financeiros como a prevenção de incêndios e
infraestrutura. Além disso, estas mesmas pessoas acusam partidos de esquerda, já que segundo o que eles dizem, foram beneficados como a
contratação de membros do partido dos trabalhadores ou de partidos comunistas. Como o
senhor vê essas acusações?
R. Considero o incêndio criminoso, porque foi uma consequência direta do
profundo corte de verbas para a Cultura e a Educação impostos pelo governo
ilegítimo de Temer. Há um descaso do governo Temer com a Educação, a Cultura, a
Memória, a Ciência, a Pesquisa, a História
e o Patrimônio do povo brasileiro. Não foi um acidente, uma fatalidade,
porque foi causado por um projeto que, desde o golpe, vem destruindo o Brasil.
Assim, responsabilizo diretamente o governo Temer e os apoiadores da
Emenda Constitucional 95, que congelou por 20 anos os investimentos da União;
responsabilizamos ainda o governo federal pelo maior corte histórico de verbas
destinadas ao Museu, reduzidas em 85%, neste ano de 2018; responsabilizamos
também o governo do estado do Rio de Janeiro, pela inacreditável demora de mais
de quatro horas para regularizar o fornecimento de água na área onde fica o prédio,
prejudicando gravemente o combate ao incêndio.
A UFRJ também sofreu um corte de verbas brutal. Não repassou verbas porque
não
as recebeu. Em fevereiro, o reitor já alertava que não havia dinheiro
para as necessidades mínimas, básicas do Museu.
Em relação às acusações mencionadas, só vi por parte do ministro ilegítimo
da Cultura, que atua aberta e irresponsavelmente pela privatização dos museus, e
de apoiadores do golpe. Tudo sem provas e sem qualquer base. O ministro,
inclusive, demonstrou total desconhecimento sobre o papel do Museu Nacional
como centro de estudo, formação acadêmica e pesquisa de relevância internacional. Uma vergonha.
BC: Como o senhor vê o desmonte da
cultura no Rio de Janeiro?
R: Esse desmonte, que está acontecendo no Rio e no Brasil, é
extremamente grave. A Cultura é a base de identidade do povo. Não está restrita
à expressão artística, mas é o conjunto de expressão de uma Nação – é a língua,
a arte, a culinária, a literatura culta e popular, o artesanato, as diversas
manifestações e festas populares. Quando se ataca a Cultura, se ataca a
essência do povo. E isso é gravíssimo.
BC: Se eleito deputado federal, quais
são seus projetos para a cultura do nosso Estado?
R: Tenho uma agenda de compromissos definida em conjunto com agentes,
produtores e artistas. E uma agenda nacional, que, com certeza, beneficiará o
Rio. Os principais pontos são:
• Defesa de 1% do Orçamento da União para a Cultura;
• Criação de um novo modelo de fomento, democrático, desburocratizado e
descentralizado, livre de critérios de marketing e que inclua projetos de
agentes culturais e artistas iniciantes;
• Revisão urgente do programa de fomento ao audiovisual lançado este ano
pelo governo golpista e que, na prática, barra novos realizadores, em favorecimento
aos grandes produtores;
• Inclusão das iniciativas de cultura urbana nos projetos de fomento;
• Proposição de Lei do Artista de Rua para vigorar em todo território
nacional;
• Desapropriação de imóveis abandonados da União, comprovados cinco anos
de inatividade e estado de abandono, para abrigo de projetos culturais;
• Revitalização e desburocratização dos Pontos de Cultura;
• Desenvolvimento de projeto visando à inserção de artistas e agentes
culturais no regime previdenciário e assistencial da União, considerando as
características dessa atividade, quase sempre de contratos intermitentes;
• Democratização do acesso do público brasileiro à produção fomentada
com recursos públicos.
• Retomada das políticas para o patrimônio e museus, dotando o IPHAN e o
IBRAM de condições para que conduzam iniciativas amplas e diversificadas de
proteção e promoção do patrimônio cultural e de fortalecimento da política
nacional de museus.
BC: Vejo que algumas companhias de
teatro apoiam o senhor, como é ser apoiado por esses grupos?
R. Acredito que esse apoio é fruto de uma estreita relação que sempre
mantivemos em meus mandatos na Câmara Municipal. Juntos, temos construído
projetos, atos, debates, propostas. A Lei do Artista de Rua é um exemplo do que
fizemos juntos; foi criada e sempre defendida por artistas públicos e grupos
como o Tá na Rua, do querido Amir Haddad. Realmente, estamos juntos nessa luta
há muitos anos, mais de uma década! Fico muito feliz com esse apoio.
BC: Uma pergunta importante sobre teatros, Você tem frequentado os teatros cariocas? O senhor gosta de teatro?
R: Claro que gosto, mas tenho frequentado muito menos do que gostaria, a
militância política toma muito o tempo da gente, especialmente nesse período de
campanha. Acho que o último espetáculo que consegui ir foi o Marx baixou em
mim, do Jitman Vibranovski.
BC: Você gostaria de dar uma mesagem
para nossos leitores da Bauhaus Cultural?
R: A luta em defesa da Cultura não é supérflua, como alguns acreditam.
Ela é essencial para a sociedade, porque a Cultura é a própria base da
sociedade. É preciso que todos se unam em torno dessa luta. Vamos juntos.
GOSTARIA DE AGRADECER AS ATRIZES SANDRA CALAÇA, MARIA RITA REZENDE(Foto) E CAMILLE DOS ANJOS POR TEREM ME AJUDADO A ENTRAR EM CONTATO COM O CANDIDATO.
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