Elika Takimoto é a quarta candidata a deputada estadual a ser entrevistada pela Bauhaus Cultural. ela é filiada ao PT (Partido dos Trabalhadores). Graduada em Física pela UFRJ, Professora e Coordenadora de Física do CEFET/RJ. Integrante do grupo de pesquisa Estudos Sociais e Conceituais de Ciência, Sociedade e Tecnologia.
Autora de mais de dez livros, dentre eles: História da física na sala de aula, Minha vida é um blog aberto, Como enlouquecer seu professor de física, Filhosofia, Beleza suburbana, Tenso, logo escrito e Isaac no mundo das partículas.
1) Elika, como você vê o
desmonte da cultura em nosso Estado?
O desmonte
da cultura do nosso Estado, assim como da educação, é um projeto e não fruto do
acaso. A arte é a forma mais sublime de comunicação. Um povo que aprende a se
expressar de diversas formas aprende também a enxergar o mundo sob outros
ângulos. E isso não é interessante para quem hoje está no governo. Também faz
parte do projeto fascista ridicularizar a arte porque somente através dela
conseguimos atingir outros níveis de sensibilidade. Enfim, tudo isso é muito
bem orquestrado. E reverter esse desmonte está em nossas mãos, na ponta de
nossos dedos para ser mais exata: elegendo pessoas que valorizem nossa cultura.
2) Quais são seus projetos
para resgatar a Gestão Cultural?
Historicamente, o Rio de Janeiro é
famoso pelo atrativo circuito cultural que possui. Dotado de centros culturais,
museus, teatros, espaços para shows, pólos gastronômicos, bares e até um
gigante espaço cenográfico, de onde emana grande parte do conteúdo produzido
para a TV e distribuído para todo o país. Um desavisado morador de outro estado
poderia pensar que o Rio de Janeiro é basicamente “o que passa na novela”. Mas
a cultura produzida em nosso estado é muito mais rica e profunda, vai muito
além da tela, e nem sempre é devidamente conhecida e disseminada.
Para que possamos dar este devido reconhecimento, que o diversificado arranjo cultural fluminense merece, é preciso que ele seja observado com um olhar mais apurado e plural. Diversos municípios da região metropolitana e do interior do estado têm dificuldade em acessar a produção cultural feita nas áreas centrais da cidade do Rio de Janeiro. E pior do que isso: eles não conseguem ter sua própria produção cultural devidamente valorizada.
Investir no potencial cultural é caminho para a construção cidadã da população de nosso estado e dever do poder público. Portanto:
- Descentralização dos eventos e aparelhos de cultura, com a valorização dos já existentes;
- Lutar pelo cumprimento da lei que garante que 1% do orçamento se destine para a Cultura;
- Promoção dos espaços de cultura em áreas periféricas;
- Apoio às iniciativas de valorização da cultura popular;
- Acompanhamento e divulgação de projetos que envolvam o enraizamento da memória e identidade dos territórios;
- Entrelaçamento e valorização da vivência artístico-cultural com a educação, ampliando o atual público infanto-juvenil e o futuro, e também atuando na idade adulta;
- Incentivo às trocas de experiências multiculturais entre as diversas regiões do estado e da região metropolitana;
- Afirmar que as escolas são enraizadas e presentes nos bairros, cumprindo neles um papel central, e logo, há várias potencialidades para que sejam pólos de cultura e conhecimento, espaços da cidadania – Escola Viva;
- Entrosamento dos potenciais artísticos com os espaços públicos, permitindo que as produções cheguem ao maior número de pessoas possível;
- Reconhecer que o futebol também é raiz: precisamos acompanhar as demandas feitas pelo público que frequenta nossos estádios de futebol; a garantia de um acesso mais popular e a desburocratização do processo para a entrada de faixas, bandeiras e instrumentos nos estádios, entre outras, são discussões nas quais também podemos contribuir.
Para que possamos dar este devido reconhecimento, que o diversificado arranjo cultural fluminense merece, é preciso que ele seja observado com um olhar mais apurado e plural. Diversos municípios da região metropolitana e do interior do estado têm dificuldade em acessar a produção cultural feita nas áreas centrais da cidade do Rio de Janeiro. E pior do que isso: eles não conseguem ter sua própria produção cultural devidamente valorizada.
Investir no potencial cultural é caminho para a construção cidadã da população de nosso estado e dever do poder público. Portanto:
- Descentralização dos eventos e aparelhos de cultura, com a valorização dos já existentes;
- Lutar pelo cumprimento da lei que garante que 1% do orçamento se destine para a Cultura;
- Promoção dos espaços de cultura em áreas periféricas;
- Apoio às iniciativas de valorização da cultura popular;
- Acompanhamento e divulgação de projetos que envolvam o enraizamento da memória e identidade dos territórios;
- Entrelaçamento e valorização da vivência artístico-cultural com a educação, ampliando o atual público infanto-juvenil e o futuro, e também atuando na idade adulta;
- Incentivo às trocas de experiências multiculturais entre as diversas regiões do estado e da região metropolitana;
- Afirmar que as escolas são enraizadas e presentes nos bairros, cumprindo neles um papel central, e logo, há várias potencialidades para que sejam pólos de cultura e conhecimento, espaços da cidadania – Escola Viva;
- Entrosamento dos potenciais artísticos com os espaços públicos, permitindo que as produções cheguem ao maior número de pessoas possível;
- Reconhecer que o futebol também é raiz: precisamos acompanhar as demandas feitas pelo público que frequenta nossos estádios de futebol; a garantia de um acesso mais popular e a desburocratização do processo para a entrada de faixas, bandeiras e instrumentos nos estádios, entre outras, são discussões nas quais também podemos contribuir.
3) Vejo que existem grupos
de teatro que apoiam sua candidatura. Como você vê este apoio para a sua
campanha?
Não somente
grupos de teatro, mas grupos de samba, de rap, de rock… percebo isso como um
reconhecimento de que sempre ajudei a divulgar arte e cultura em minhas redes e
até mesmo antes de sonhar em ser candidata. No mais, muitos sabem que no meu
conceito de educação a arte é parte imprescindível. Não se melhora a mente só
com gramática, fórmulas e teorias. Precisamos também da poesia, da música e do
teatro.
4) Tenho feito esta
pergunta para muitos candidatos, farei para você. Você gosta do Cinema
Brasileiro?
Cinema
brasileiro é o que há. O Brasil tem muito petróleo e beleza natural. Mas de sobra mesmo temos
talento para fazer audiovisual. Fico impressionada com a quantidade de filmes
de muita qualidade surgindo e muitos deles, vale observar, não entram no grande
circuito, infelizmente.
As salas de
cinema que ficam dentro dos shoppings - que são chamadas de multiplex -
estão comprometidas com distribuidoras
estrangeiras dificultando a difusão dos filmes brasileiros.
Como a
indústria estrangeira é muito forte, as vezes o orçamento de divulgação de um
filme estrangeiro se equipara ao
orçamento do produção de um filme nacional. Ou seja, concorrer com isso não
favorece que o cinema brasileiro chegue ao grande público e sua qualidade seja
reconhecida.
A maioria
das salas de cinema independentes não conseguiu sobreviver ao mercado. Muitas
acabaram virando Igreja. Nada contra igrejas, mas os espaços culturais também
devem ser considerados sagrados.
5) O Candidato Jair Bolsonaro,
falou abertamente que vai acabar com muitos ministérios incluindo o Ministério
da Cultura no caso de ser eleito. Como você vê isso?
Vejo como um processo fascista em
andamento que não está difícil de ser revertido. Há muitas pessoas acordando
para a realidade e as eleições estão aí para mostrar isso. O movimento #elenão
que já extrapolou nossas fronteiras prova que o grito foi alto mas há de ser
efêmero com a duração de um instante. O que perdura é a arte porque faz parte
da essência do que somos. Contra essa verdade não tem como lutar. A favor dela,
temos as urnas.
6) Gostaria de dar uma
mensagem aqui na Bauhaus Cultural?
Gostaria de
agradecer a iniciativa de promover a arte e pela oportunidade de falar. Deixar
que a palavra discorra é uma das coisas mais nobres em qualquer setor de nossa
sociedade. Grata por ter me convidado para essa festa que é a comunicação.
Parabéns pelo espaço!
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